Sociedade civil católica, destinada à difusão da Cultura Ocidental e à atuação política em defesa da família, em observância à Doutrina Social da Igreja.

Santa Escolástica, Virgem

Pe. René François Rohrbacher

Tinha São Bento uma irmã chamada Escolástica, consagrada a Deus, desde a infância, e que vivia a certa distância do Monte Cassino. Ia visitá-lo uma vez por ano; e São Bento ia recebê-la bem perto do mosteiro, numa granja que deste dependia. Rumou, pois, um dia para lá, com os discípulos, e, depois de passar o dia a louvar Deus e falar de coisas santas, comeram todos juntos, ao cair da noite. Estavam ainda à mesa, e já se fazia tarde, quando Escolástica dirigiu ao irmão esta prece: “Por favor, não me deixeis esta noite, para que possamos falar da alegria celestial até o romper do dia”. Respondeu ele: “que dizeis, minha irmã? Não me é dado, de maneira nenhuma, ficar fora do mosteiro”. Estava bastante sereno o tempo. A santa, entristecida com a recusa, juntou as mãos sobre a mesa, e sobre elas apoiou a cabeça; depois, desatando a chorar, rogou ao céu que a ajudasse. Mal findara a prece, sobreveio uma tempestade acompanhada de raios e estrondosos trovões, de tal sorte que nem São Bento, nem os seus religiosos puderam sair da casa. Queixava-se o homem de Deus, dizendo: “Que Deus vos perdoe, minha irmã! Que fizestes?” Respondeu-lhe ela: “supliquei-vos e não quisestes dar-me ouvidos; supliquei ao Senhor, e ele me atendeu. Agora, deixai-me, se o podeis, e voltai para o vosso mosteiro”. São Bento viu-se, pois, obrigado a ficar com sua irmã. Velaram a noite inteira, entretidos unicamente em conversar da ventura dos santos. Separaram-se no dia seguinte, logo de manhã, e três dias depois, morreu a santa no seu retiro. São Bento, que se achava então na cela, erguendo os olhos, viu a alma da irmã entrar no céu, sob o aspecto de pomba. Embevecido com aquela glória, deu graças a Deus, anunciou a morte aos irmãos e mandou-os trazer o corpo para o mosteiro, e colocá-lo no túmulo que mandara preparar para si próprio, a fim de que, diz São Gregório, do qual recebemos os pormenores, não separasse a morte os corpos daqueles cujos espíritos tinham sido sempre unidos em Deus.