D. Crisóstomo d’Aguiar
Quer a Igreja que o cristão celebre o aniversário da sua igreja paroquial, e com razão, pois nela fomos batizados, e confirmados; ali se realizaram os mais importantes atos da nossa vida cristã; ali ora por nós o nosso pároco, e por nós oferece o santo Sacrifício aos domingos e dias santificados; ali recebemos em suma, com abundância, as ondas da graça divina.
Quer, demais, que festejemos o aniversário da catedral, da Sé da nossa diocese. É nela que o bispo, representante de Cristo junto de nós, celebra pontificalmente a Missa em nosso interesse; nela, diariamente, um coro de cônegos ora, intercede e expia por nós, recitando o Ofício divino; neça são enfim consagrados os padres que nos comunicarão as bênçãos do Céu.
Mas a Liturgia reveste de singular esplendor a celebração do aniversário da dedicação dos seus grandes templos de Roma, como são os de S. Pedro do Vaticano, e de S. Paulo. S. João de Latrão, “mãe e primaz de todas as igrejas”, tinha direito a uma comemoração especial, porque desde o tempo de Constantino é tida como principal igreja da Cidade Eterna. Edificada junto ao vasto palácio de Latrão, que o imperador cristão concedera ao Papa S. Silvestre, consagrou-a este solenemente, no dia 9 de novembro. Destruído mais tarde o edifício, no século XVIII o Papa Bento XIII mandou-o reconstruir e de novo o consagrou. para lembrar este fato instituiu a festa de hoje.
Celebremo-la com fé. Leiamos, com atenção, se não podemos tomar parte de outra forma na festa da Dedicação, a bela Missa que a Liturgia nos apresenta. Desde o Introito até as Orações finais depois da Comunhão, toda tende a incutir-nos sentimentos de respeito e reverência para com o Lugar santo, cheio da presença de Deus.
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa da Festa da Dedicação da Basílica do SS. Salvador]