D. Crisóstomo d’Aguiar
À alma que vive sequiosa da glória de Deus, e só deseja que se estabeleça na terra o seu reino, cobre-a o Senhor da sua proteção, Ele que não recusa coisa alguma aos que “andam na inocência”. Aos que fielmente O servem enche Deus da abundância dos seus bens. Grandes motivos para alegria!
Não é possível servir ao mesmo tempo a Deus e a Mammon, ao espírito e à carne. Entre as obras do pecado e as obras do Espírito há oposição radical.
O espírito eleva-nos o coração para as coisas santas e sobrenaturais; a carne, nos seus instintos baixos e maus, induz-nos para o mal e para o pecado.
Posta a nossa confiança em Deus, zelemos os nossos interesses temporais sem exageradas preocupações; porque a demasiada solicitude seria ultraje para o bom Pai do Céu que conhece as nossas necessidades, Ele que sustenta as avezinhas, e veste de esplêndidas cores as florinhas dos campos, numa admirável providência de amor.
Sim, não podemos servir a dois senhores! Os que servem a Mammon, entre luxo, riquezas, à mercê de funestos desejos e ambições, como poderão imitar os filhos de Deus, que, esses, acima de tudo, fazem a vontade divina, e, ocupando-se razoavelmente do que é temporal, descansam na divina Providência, sem inquietações?
“Grande coisa é a piedade, exclama S. Paulo, que se contenta com o necessário!”
Abandonemo-nos a uma doce confiança em Deus, então, e peçamos-lhes que nos preserve das obras de morte (Epíst.), e nos faça antes produzir dignos frutos de salvação no Espírito (Or.).
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa do décimo quarto Domingo depois de Pentecostes]