Sociedade civil católica, destinada à difusão da Cultura Ocidental e à atuação política em defesa da família, em observância à Doutrina Social da Igreja.

Vida de São Francisco de Paula

Lawrence Hess, Enciclopédia Católica

Fundador da Ordem dos Mínimos, nasceu em 1416, em Paula, na Calábria – Itália; expirou em 2 de abril de 1507, em Plessis, França. Seus pais eram admiráveis ​​pela santidade de suas vidas. Incapazes de ter filhos por alguns anos depois do casamento, eles recorreram à oração, especialmente confiando-se à intercessão de São Francisco de Assis. Após tanto tempo de preces, nasceram três filhos, dos quais o mais velho chamou-se Francisco. Quando ainda estava no berço, sofria de um inchaço que ameaçava a visão de um de seus olhos. Seus pais confiaram novamente a São Francisco de Assis, e fizeram um voto de que seu filho passaria um ano inteiro com o “pequeno hábito” de São Francisco em um dos conventos de sua ordem – uma prática comum na Idade Média. O menino foi curado imediatamente.  

Francisco mostrou sinais de extraordinária santidade desde muito jovem, e aos treze anos, sendo exortado por uma visão de um frade franciscano, entrou em um convento da Ordem Franciscana para cumprir o voto feito por seus pais. Lá, produziu grande edificação por seu amor de oração e mortificação, sua profunda humildade e sua pronta obediência. No final do ano, partiu com seus pais em peregrinação a Assis, Roma e outros lugares de devoção. Ao voltar para Paula, escolheu um lugar isolado na propriedade de seu pai, onde passou a viver em isolamento. Tempos depois, encontrou uma morada ainda mais isolada, localizada em uma caverna perto do mar. Ali permaneceu sozinho por cerca de seis anos, entregando-se à oração e à mortificação. 

Em 1435, dois companheiros se juntaram a Francisco, que para lhes dar alojamento, ordenou a construção de três celas e uma capela, dando início à ordem. O número de seus discípulos aumentou gradualmente. Por volta de 1454, com a permissão de Pirro, arcebispo de Cosenza, o santo construiu um grande mosteiro e uma igreja. A construção do mosteiro foi a ocasião de uma grande explosão de entusiasmo e devoção por parte do povo em direção a Francisco: até mesmo os nobres levaram pedras e se juntaram ao trabalho. A devoção foi potencializada devido aos múltiplos milagres que o filho célebre de Paula (vide Comunhão dos Santos) realizou em resposta às suas orações a ele destinadas. A regra de vida adotada pela ordem foi de extraordinária severidade. Eles mantinham uma abstinência perpétua e viviam em extrema pobreza, sendo a humildade a marca registrada; buscaram viver no anonimato e escondidos do mundo. Para expressar o caráter que esperava de seus discípulos, Francisco acabou obtendo da Santa Sé que lhes chamasse de Mínimos, os menores dentre todos os religiosos. Em 1474, Sisto IV deu-lhe permissão para escrever uma regra para sua comunidade e assumir o título de Eremitas de São Francisco; tal regra foi formalmente aprovada por Alexandre VI, que, no entanto, fixou o nome em Mínimos. Após a aprovação da ordem, Francisco fundou vários novos mosteiros na Calábria e na Sicília. Também estabeleceu conventos para freiras e uma terceira ordem para leigos, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis. 

O dom extraordinário de profecia sempre se sobressaiu em São Francisco de Paula: previu a captura de Otranto pelos turcos em 1480, e sua posterior recuperação pelo rei de Nápoles; também foi dotado com o discernimento das consciências. Repreendeu o rei de Nápoles por seus erros e, como resultado, sofreu muita perseguição. Quando Luís XI estava em seu leito de morte, enviou uma delegação à Calábria para pedir ao santo que o visitasse. Francisco recusou-se a ir e ninguém conseguiu convencê-lo em contrário, até que o papa ordenou que fosse. Francisco foi, então, ao encontro do rei em Plessis-les-Tours e ficou com ele até o momento derradeiro. Carlos VIII, o sucessor de Luís, admirava muito o santo e durante o seu reinado manteve-o próximo do tribunal, consultando-o frequentemente. Este rei construiu um mosteiro para os Mínimos em Plessis e outro em Roma, no Monte Pinciano. O conceito que Carlos VIII teve do santo foi compartilhado por Luís XII, que sucedeu ao trono em 1498. Francisco estava ansioso para voltar à Itália, mas o rei não permitiu, já que não queria perder seus conselhos e orientações. Os últimos três meses de sua vida, o fundador os viveu em completo isolamento, preparando-se para a morte. Reuniu sua comunidade em torno de si na Quinta-feira Santa e exortou-os especialmente a ter mútua caridade e manter o rigor da vida e, em particular, a abstinência perpétua. No dia seguinte, Sexta-feira Santa, reuniu-os novamente, deu-lhes as últimas instruções e nomeou um vigário geral. Então, recebeu os últimos sacramentos, pediu a leitura d’a Paixão Segundo São João, e passou para a eternidade enquanto ouvia a palavra de Deus. Leão X canonizou-o em 1519. Em 1562, os huguenotes abriram seu túmulo e encontraram o corpo incorrupto. Arrastaram-no e queimaram-no, mas alguns de seus ossos foram preservados pelos católicos e colocados em relicários em várias igrejas de sua ordem. A Ordem dos Mínimos não parece ter sido muito extensa em momento algum, mas tinha casas em muitos países. A regra final foi aprovada em 1506 por Júlio II, que também aprovou uma regra para as freiras da ordem. A festa de São Francisco de Paula é celebrada na Igreja universal em 2 de abril, o dia em que ele morreu.


Fonte: Hess, Lawrence. “St. Francis of Paula.” The Catholic Encyclopedia. Vol. 6. New York: Robert Appleton Company, 1909. <http://www.newadvent.org/cathen/06231a.htm>.

Traduzido por Gustavo Quaranta a partir da versão espanhola disponível em <http://ec.aciprensa.com/wiki/San_Francisco_de_Paula>.

[Segue abaixo oração ao santo por ocasião de sua festa, a 2 de abril, extraída do Missale Romanum, 1943]

OREMOS

Ó Deus, grandeza dos humildes, que sublimastes o bem-aventurado Francisco, vosso Confessor, à glória dos vossos Santos, fazei, Vos pedimos, com que, pelos seus merecimentos e à sua imitação, obtenhamos felizmente as recompensas pometidas aos humildes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
OREMUS

Deus, humílium ceslitúdo, qui beátum Franciscum Confessórem Sanctórum tuórum gória sublimásti: tríbue, quæsumus; ut, ejus méritis ete imitatióne, promíssa humílibus præmia felíciter consequámur. Per Dóminum Nostrum Jesum Christum.