Sociedade civil católica, destinada à difusão da Cultura Ocidental e à atuação política em defesa da família, em observância à Doutrina Social da Igreja.

Vida de São Paulo Eremita

Francis Joseph Bacchus, Enciclopédia Católica

           
Existem três versões importantes a respeito da vida de São Paulo, o eremita: (1) a versão latina [H] de São Jerônimo; (2) uma versão grega [b], muito mais breve que a latina; (3) uma versão grega [a], que é uma tradução de [H], ou uma ampliação de [b] por meio de [H]. A dúvida consiste em qual é a original, se [H] ou [b]. Ambas foram publicadas pela primeira vez em 1900 por Bidez (“duas versões gregas inéditas da vida de São Paulo de Tebas”, Ghent). Bidez defende que [H] foi a vida verdadeira. Tal abordagem foi questionada por Nau, que aponta como autêntica a versão [b] em “Analect. Bolland.”, de 1901 (XX, 121-157). A vida de São Paulo eremita, porém, é a mesma em outras versões – excetuando-se alguns detalhes diferentes.

Quando era um jovem de 16 anos, Paulo fugiu para o deserto de Tebaida durante a perseguição de Décio. Viveu numa caverna nos pés de uma montanha até os 113 anos. A montanha, acrescenta São Jerônimo, era vazada por diversas cavernas.

Quando Santo Antão tinha 90 anos de idade, foi tentado de vanglória, pensando que foi o primeiro a viver no deserto. Em obediência a uma visão, contudo, lançou-se a encontrar seu antecessor e, nesse caminho, viu um demônio em forma de centauro. Mais tarde, observou um pequeno ancião com chifres na cabeça. “Quem é você?”, perguntou Santo Antão. “Sou um cadáver, um daqueles a quem os pagãos chamam de sátiros e, por causa deles, foram apanhados na idolatria”. Esta é a história grega [b] que faz tanto o centauro, quanto o sátiro, inconfundivelmente demônios; um que aterroriza o santo, enquanto o outro reconhece a queda dos deuses. Com São Jerônimo, o centauro pode haver sido um demônio – como também pode ter sido “um desses monstros dos quais o deserto é tão prolífico.” Em todos os acontecimentos, trata de mostrar o caminho ao santo, ao passo que o sátiro é um pequeno mortal inofensivo encarregado por seus irmãos de pedir a bênção do santo.

Alguns perguntam, supondo que a versão em grego é a original, por que São Jerônimo transforma os demônios em centauros e sátiros. Não surpreende que os contos de Santo Antão encontrando bestas fabulosas em sua viagem misteriosa tenham se difundido entre as pessoas cuja crença em tais criaturas se mantinha com a crença em fadas hoje em dia. As histórias do encontro de São Paulo e Santo Antão, o corvo que lhes trouxe pão, Santo Antão sendo enviado para trazer o manto que lhe foi dado pelo bispo Atanásio para enterrar o corpo de São Paulo, a morte de São Paulo antes que voltasse e a tumba cavada por leões estão entre as lendas familiares da vida. Só resta acrescentar que a crença na existência de São Paulo parecer haver existido independentemente da vida.


Fonte: Bacchus, Francis Joseph. “St. Paul the Hermit.” The Catholic Encyclopedia. Vol. 11. New York: Robert Appleton Company, 1911. <http://www.newadvent.org/cathen/11590b.htm>.

Traduzido por Gustavo Quaranta a partir da versão espanhola disponível em <http://ec.aciprensa.com/wiki/San_Pablo_el_Ermita%C3%B1o>.

[Segue abaixo oração ao santo por ocasião de sua festa, a 15 de janeiro, extraída do Missale Romanum, 1943]

OREMOS

Ó Deus que anualmente nos regozijais com a solenidade do bem-aventurado Paulo, vosso Confessor, por vossa bondade, concedei-nos que imitemos as ações daquele cujo nascimento no Céu hoje celebramos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

OREMUS

Deus, qui nos beáti Pauli Confessóris tui ánnua solemnitáte lætíficas: concéde propritius; ut, cujus natalitia cólimus, étiam actiónes imitémur. Per Dóminum Nostrum Jesum Christum.